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O que fazer se o carro comprado está com bloqueio judicial ou gravame oculto

Advogado de direito civil orientando cliente sobre como reverter um bloqueio judicial ou gravame oculto em carro comprado, usando Embargos de Terceiro.

A compra de um veículo usado, seja ele seminovo ou com alguns anos de estrada, é sempre um momento de expectativa. O sonho de um novo meio de transporte, no entanto, pode rapidamente se transformar em um pesadelo burocrático e legal quando, no momento da transferência junto ao DETRAN, o comprador descobre a existência de um bloqueio judicial ou um gravame oculto que impede a regularização.

O carro fica “preso” em um limbo legal: você pagou por ele, mas não pode usar, vender ou transferir a propriedade. A origem desse problema geralmente reside em dívidas ou execuções fiscais do antigo proprietário, que vendeu o bem para evitar que ele fosse penhorado.

A situação é desesperadora, mas a lei brasileira protege o consumidor diligente. Se você agiu de boa-fé, possui o amparo legal para reverter essa situação. Este guia foi elaborado para esclarecer o que são esses bloqueios e quais medidas jurídicas você deve tomar imediatamente para proteger seu investimento.

 

Entendendo os Tipos de Bloqueio e Suas Origens

Para buscar a solução, é preciso primeiro diagnosticar a origem do problema, que pode ter naturezas administrativas ou judiciais:

 

Bloqueio Administrativo (Gravame)

O gravame refere-se, na maioria das vezes, a uma restrição administrativa de natureza financeira. O exemplo mais comum é a alienação fiduciária, ou seja, o veículo foi comprado através de um financiamento. Enquanto a dívida não for quitada, o veículo está “alienado” ao banco.

Se o gravame está “oculto”, significa que o vendedor não o revelou ou não deu baixa na restrição após a quitação. Embora desagradável, a resolução costuma ser mais simples, exigindo a prova da quitação da dívida para a liberação junto à instituição financeira e ao DETRAN.

 

Bloqueio Judicial (RENAJUD)

Este é o cenário mais grave. O bloqueio judicial ocorre por ordem de um juiz (via sistema RENAJUD – Registro Nacional de Veículos Automotores Judicial) e visa garantir o pagamento de uma dívida do antigo proprietário. As causas podem ser variadas:

Este tipo de bloqueio impede totalmente a transferência do veículo e exige intervenção judicial para ser revertido.

 

O Bloqueio Judicial e o Princípio da Boa-Fé

Quando um carro com bloqueio judicial é vendido, a Justiça frequentemente levanta a suspeita de fraude à execução (venda de bens para evitar que eles sejam penhorados e utilizados para pagar dívidas).

Contudo, o nosso sistema jurídico prioriza a proteção do comprador de boa-fé – aquele que adquiriu o bem sem saber da restrição. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) pacificou o entendimento de que, para que a venda seja considerada fraude, o bloqueio judicial deve estar registrado no DETRAN antes da compra, ou o comprador deve ter conhecimento da insolvência do vendedor.

A ausência de registro público do bloqueio no momento da negociação é o principal argumento em favor do comprador.

 

A Prova da Boa-Fé: O Pilar da Sua Defesa

Para convencer o juiz de que a compra deve ser mantida, o comprador precisa provar que agiu com a diligência esperada e que desconhecia o impedimento. Esta prova é o pilar da sua defesa e é onde a atuação do advogado é mais estratégica:

  1. Comprovação da Data da Compra: É fundamental ter o contrato de compra e venda e os comprovantes de pagamento (transferências bancárias, PIX) datados. Isso prova que a transação ocorreu antes da ordem de bloqueio ser registrada publicamente.
  2. Consulta Prévia ao DETRAN: Apresentar a certidão ou o histórico do veículo que mostre que, na data da compra, o bloqueio não estava visível no sistema do DETRAN ou RENA-JUD. Se o bloqueio era oculto, você não tinha como saber.
  3. Diligência Mínima: Demonstrar que você verificou a documentação básica e que não havia sinais evidentes de fraude (como preço muito abaixo do mercado, por exemplo).
  4. Transferência da Posse: Provar que você tomou posse do veículo e que a falta de transferência no prazo legal foi causada pelo bloqueio e não por sua negligência.

 

A Ação Judicial para Reverter o Bloqueio (Embargos de Terceiro)

Se o vendedor se recusar a resolver o problema ou se o bloqueio for de fato judicial, a única solução é entrar com uma ação específica: os Embargos de Terceiro.

 

O que são os Embargos de Terceiro?

Os Embargos de Terceiro são a ferramenta processual criada pelo Código de Processo Civil (CPC) para que alguém que não faz parte da dívida original (o terceiro de boa-fé) possa defender um bem que foi penhorado ou bloqueado injustamente.

Nesta ação, o advogado solicitará ao juiz:

  1. Liminar de Desbloqueio: O pedido mais urgente é a liberação imediata do veículo para que ele possa ser transferido e utilizado.
  2. Julgamento de Mérito: A comprovação final de que o comprador agiu de boa-fé e, portanto, o veículo deve ser retirado da execução e liberado definitivamente.

Além disso, o advogado pode buscar o ressarcimento contra o vendedor que agiu de má-fé, seja por meio da rescisão do contrato e devolução do valor pago, ou por meio de indenização por perdas e danos.

 

Medidas Preventivas: Como Evitar a Fraude

A melhor defesa é a prevenção. Antes de fechar a compra de qualquer veículo usado:

 

Não Perca Tempo para Reivindicar Seus Direitos

Descobrir um carro com bloqueio judicial é uma experiência estressante e intimidadora. Contudo, a lei está do lado do comprador de boa-fé. A chave para resolver o problema é a rapidez.

Qualquer demora na busca pela solução pode fortalecer a tese de fraude à execução e complicar a remoção do bloqueio. A recuperação do seu investimento exige o uso da ferramenta jurídica correta: os Embargos de Terceiro.

Se o seu carro está bloqueado ou se você suspeita de um gravame oculto, não enfrente a burocracia do Judiciário e do DETRAN sozinho. Você precisa de um especialista que saiba traçar a estratégia de defesa e provar sua boa-fé.

Entre em contato conosco pelo WhatsApp para esclarecer suas dúvidas, receber uma orientação personalizada sobre seu caso e solicitar um orçamento. Agiremos imediatamente para desbloquear seu veículo e garantir que seu direito seja respeitado.

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